Por Steffano Silva Nunes
Andei pensando em não participar do segundo turno eleitoral em São Luís. Mas o relato de amigos que nos citam pressões de várias ordens, não só nos surpreendem como nos levam a reflexões. Surgem, também, informações da implosão na base aliada do governo estadual, falando-se até em uma reforma administrativa que culminaria com a troca de vários comandos em secretarias e órgãos estaduais, caso não apoiem o nome palaciano.
Quem não estiver com Flávio Dino é seu adversário, propagam os apoiadores do Republicanos. Há uma interpretação equivocada por parte de quem acha que uma aliança em uma determinada eleição, como a de governador, cria um vínculo de dependência para o resto da vida. Algo do tipo: vote em mim que serei a partir de hoje o dono dos seus pensamentos, da sua vontade e da sua alma.
Não é a primeira vez que nós, militantes do PCdoB, nos deparamos com atos autoritários e inconsequentes. Há sempre uma expectativa de que vai passar, mas o tempo tem nos mostrado que a tendência tem sido sempre de piorar. Peguemos o exemplo do Aécio Neves que foi o grande incentivador do golpe contra Dilma ao não aceitar o resultado eleitoral de 2014. Pois bem, mesmo alertado e proibido pelo partido de realizar ato conjunto com Aécio, o governador desobedeceu e fez discurso de mãos dadas com o mesmo, ainda na sua campanha, elogiou o governo tucano de Minas e chamou Aécio de Presidente (o vídeo está disponível na internet).
Temos o segundo turno em São Luís e mais uma vez nos deparamos com atitudes individualistas do chefe do estado que quer decidir sozinho o rumo da eleição, pressiona as direções dos partidos, suas militâncias e a serem verdadeiros os rumores, alcança os servidores públicos com ameaças sobre uma das questões mais sagradas para um pai e uma mãe: o sustento de sua família, uma vez que a retirada de comissões e cargos impacta no nível de renda dessas pessoas e as demissões geram desemprego. Um ato cruel que beira a covardia.
Duas importantes correntes do PT maranhense decidiram apoiar o candidato Eduardo Braide. Entre essas correntes está a CNB da qual faz parte o ex-presidente Lula em nível nacional. Tal decisão traz mais responsabilidade ao Braide, pois se o grupo de Lula o apoia fica patente que a sua candidatura ganha um outro patamar de amplitude, se diferenciando das querelas políticas e perseguições, que vão se tornado a marca do governador Flávio Dino, que apoia o candidato do Republicanos, partido onde estão filiados os filhos do Bolsonaro. Vá entender…
O verdadeiro adversário do Braide nessa eleição não é uma pessoa, mas um conjunto de práticas de quem quer ser ao mesmo tempo governador e prefeito. As pessoas são obrigadas a fazer postagens dizendo: “sigo o governador” e não somente “voto em candidato tal”, pois as redes sociais também são vigiadas por um pequeno séquito da patrulha ideológica.
Não dá mais pra ser isento a essa altura dos acontecimentos. A história e a nossa consciência nos cobram e nos cobrarão para sempre. O autoritarismo está batendo à nossa porta nesse momento e assombrando nossa cidade e o nosso estado. Precisamos de um equilíbrio de forças e de uma opção mais identificada com a esperança e a liberdade, ao invés do medo e do ódio. A opção nesse momento é Eduardo Braide. Por isso parte da militância do PCdoB, como o deputado Carlinhos Florêncio, e de vários partidos de esquerda como o PDT e o PT vai com Braide que se mostra pronto para essa batalha. Vamos juntos, pois nós que dedicamos a vida a enfrentar e combater ditadores, já nascemos prontos. Agora é Braide.