Pacientes com Câncer sofrem com atrasos nos resultados dos exames

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Após desativação do Centro de Medicina Especializada (Cemesp), no Bairro de Fátima, e extinção do atendimento de urgência e emergência ortopédica e traumatológica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Araçagi, desta vez o Governo do Maranhão submete pacientes ao atraso na entrega de resultados de exames de imagem, realizados no Hospital de Câncer Dr. Tarquínio Lopes Filho, localizado na Madre Deus. Mulheres que fizeram o exame de mamografia na unidade, em outubro, por exemplo, ainda não receberam os resultados.

Imprescindível para o diagnóstico de câncer, os exames de imagem, além de caros se realizados na rede privada, são o primeiro passo para o tratamento e sucesso no prognóstico da doença, uma vez que, segundo especialistas, realizar o diagnóstico precoce dos casos de câncer é essencial para maiores chances de cura da doença, além de evitar que o câncer, que poderia ser rastreado em um órgão, se espalhe para outros, no processo de metástase.

Sem saída, devido às poucas condições financeiras, os pacientes do Hospital de Câncer do Maranhão, boa parcela do interior do estado tem sofrido não só pela espera de resultados de exames, que já têm meses da realização, mas também pelo pavor de não saberem se têm a doença ou não. Assim, pacientes seguem de pés e mãos atados.

DRAMA

Segundo uma paciente de 55 anos, que não quis se identificar e esteve no hospital na manhã de ontem (17) para receber o resultado da mamografia realizada há meses, a situação é de descaso com todos aqueles que buscam o mesmo serviço e não têm o retorno em tempo ideal. “Infelizmente, precisamos depender do serviço público de saúde, que é algo que a gente paga para ter. Eu fiz uma mamografia há alguns meses e, até então, nenhum resultado. Se fosse para morrer por causa do resultado, eu já teria morrido”. Além de mamografia, exames como raio-X, ultrassonografia, tomografia e endoscopia são realizados na unidade hospitalar.

Em outubro, o Governo do Maranhão promoveu, no hospital, uma série de exames de mamografia rastreadora, para pacientes de 50 a 69 anos, a fim de prevenir e diagnosticar casos, antes mesmo dos sintomas aparecerem. De lá para cá, nenhum dos exames que foram realizados durante o período alusivo ao “Outubro Rosa”, teve resultado entregue.
Foi também durante a mesma campanha que a dona de casa Roseli Buna, de 52 anos, fez a mamografia e há três meses espera pelo laudo.

“Desde quando eu fiz, em outubro, durante a campanha do Outubro Rosa, já vim ao hospital em busca do resultado de seis a oito vezes, mas eles alegam que estão com um problema, que nem eu entendi. Eu sempre fiz exames no Hospital de Câncer e sempre foi bem rápido. Mas, agora, está assim”, contou.

“Se eu soubesse que seria dessa forma, eu teria dado um jeito de fazer particular, porque agora eu estou precisando do resultado da mamografia para fazer um outro exame, mas não recebi e nem me dão prazo para receber. E o pior de tudo é que eu só posso fazer outra daqui há um ano, por causa da radiação”, disse Roseli Buna.

POSICIONAMENTO DO GOVERNO

Sobre a situação, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que o atraso na entrega dos resultados dos exames se deve a uma atualização no sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, que comprometeu as informações cadastrais de profissionais de saúde de todo o país.

A SES afirmou que tal mudança no sistema exigiu o recadastramento de mais de 14 mil profissionais de toda a rede de saúde do Estado. Por fim, comunicou que a secretaria aguarda a confirmação da inclusão dos dados, e, a partir disso, o Hospital de Câncer do Maranhão conseguirá processar os exames e realizar a entrega dos laudos. A expectativa é de que até o fim deste mês a situação seja normalizada.

MAIS PROBLEMAS

Além da não entrega de exames realizados há mais de 60 dias, em alguns casos, outra reclamação frequente no hospital é a falta de medicamento. Em dezembro, uma reportagem da TV Mirante denunciou a situação, ainda não solucionada pelo Governo do Maranhão, já que pacientes ainda reclamam da escassez de remédios indispensáveis ao tratamento de câncer realizado na unidade.

A reportagem mostrou o drama que viveu a lavradora Ruty Costa, de 38 anos, em dezembro do ano passado, quando precisou iniciar a quimioterapia – que deveria ser realizada quinzenalmente – para tratar um câncer de pâncreas. A paciente é do interior do Maranhão, do município de São Mateus.

À época, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou a veracidade da falta de medicamento no hospital e disse que o produto faltoso já havia sido comprado e que até o fim do mesmo mês o medicamento voltaria a ser disponibilizado aos pacientes.

Diante da constatação por O Estado de que a falta de medicamentos ainda é uma realidade do Hospital de Câncer do Maranhão, a SES foi contatada, mas não se manifestou.

O ESTADO

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