‘Amigos, amigos, negócios à parte’, suspeito de operar propina teria amargado prejuízo de R$4 milhões com esquema de agiotagem

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Além de recursos públicos, documentos evidenciam que uma das empresas ligadas a familiares de Edivaldo Júnior, mantém contratos com a SLEA e Titara, ligadas à ‘máfia do lixo’.

Departamento de pouca visibilidade na Prefeitura de São Luís, a Secretaria Municipal de Projetos Especiais (Sempe), responsável pelo gerenciamento da relação com agentes executores e financiadores de projetos públicos municipais, poderá ser alvo de investigações por conta das ilegalidades, corrupção e sangria do dinheiro público na capital maranhense. É nesta pasta que o assessor técnico Ronalldo Lopes Lima está lotado, conforme publicações extraídos a partir do Diário Oficial do Município (DOM).

Dentre as atribuições inerentes ao cargo, Ronaldo seria o responsável em operar as “negociações” que visam acelerar pagamentos aos prestadores de serviço. Nos bastidores do Palácio La Ravardiere, funcionários garantem que nenhum contrato avança sem que haja o aval de Ronalldo Lima, homem de confiança do prefeito Edivaldo Júnior, e que foi indicado ao cargo pelo ex-assessor do prefeito, Heron da Silva Rodrigues.

CALOTE E PREJUÍZO

Ainda segundo informações, há algum tempo, Ronalldo teria amargado um prejuízo de R$ 4 milhões em uma negociação com dois conhecidos identificados como ‘Cabeludo’ e ‘Merva’, este ultimo, inclusive, amigo pessoal de Ronaldo. A perda do dinheiro, fruto de suposta cobrança do pagamento de propina, teria provocado um mal estar na relação entre assessor e assessorado.

Além de ser o responsável pelo recolhimento da propina paga pelos prestadores de serviço, também seria atribuição de Ronalldo operacionalizar o esquema de agiotagem com uso do dinheiro público. A suspeita teria colocado o assessor de Edvaldo, em determinada oportunidade, no radar de uma investigação que tinha como motivação combater essa modalidade criminosa no Estado, mas a pedido de figurões, temporariamente, o caso foi arquivado.

Embora pareça ser novidade, essa não é a primeira vez que se ouve falar de agiotas com “tentáculos” dentro de repartições públicas.

Uma medida provisória editada em 1999 pelo governo federal tem o objetivo de combater a agiotagem no país. O texto diz que são nulos os contratos, celebrados fora do sistema financeiro, com taxas de juros exorbitantes, assim como os negócios que resultarem em lucros ou vantagens patrimoniais excessivas para uma das partes em detrimento da mais vulnerável.

Mas nem por isso ficou mais fácil pegá-los. Eles dificilmente deixam vestígios. Os acertos são feitos verbalmente e, às vezes sem contratos. Os documentos que sobram são cheques ou notas promissórias do devedor ou escrituras de compra e venda de imóveis devidamente passadas em cartório. No caso, envolvendo Ronaldo, a reportagem tomou conhecimento de uma série de promissórias que comprovariam suas ligações com essa prática ilegal.

SUSPEITA DE LAVAGEM

No ramo empresarial, Ronaldo seria sócio oculto do empresário Pedro Ricardo Aquino da Silva, do Grupo Clasi, primo do prefeito Edvaldo Holanda Júnior. Pedro Ricardo, conhecido como “Cachorro Doido”, deixou de ser um simples bancário para virar um dos maiores empresários do ramo de segurança privada no estado. Coincidentemente, o período em que mais lucrou nos negócios, foi justamente durante a gestão do prefeito Edivaldo Júnior.

Além da sociedade oculta com Pedro Ricardo, o suposto operador de propina nomeado pelo prefeito Edivaldo, também teria parceria empresarial com outras duas pessoas, uma delas um deputado federal, em uma revenda de veículos importados na capital maranhense.

Com base no balanço patrimonial da empresa Clasi Segurança, durante um minucioso levantamento realizado pelo site Maranhaodeverdade.com em parceria com os blogs do Neto Cruz, César Durans e Ilha Rebelde, o que chamou a atenção foram duas movimentações financeiras com as empresas SLEA – São Luís Engenharia Ambiental e Titara, ambas suspeitas de integrar a máfia do lixo.



Com a SLEA, o repasse para Clasi no documento em anexo, por exemplo, foi de R$ 135.682, 90 (cento e trinta e cinco mil, seiscentos e oitenta e dois reais e noventa centavos); e com a Titara, foi no valor de R$ 70.309,18 (setenta mil, trezentos e nove reais e dezoito centavos). Além de prestar serviço para empresas da ‘máfia do lixo’, também não passou despercebido, o fato da Clasi ter recebido a bagatela de R$ 26.323.575,25 milhões da Prefeitura de São Luís, pela execução de oito contratos.

FOME INSACIÁVEL

A força do operador seria tão grande na prefeitura, que num processo de licitação, em andamento na Secretaria Municipal de Saúde (Semus), cujo objeto é a aquisição de equipamentos de infusão, frasco para alimentação interal, dispositivo infusor, dispositivo para mistura e torneira três vias, Ronaldo teria usado uma pessoa identificada por Isaías Nunes para contatar o empresário R.S. dos A. [inicias para preservar a identidade], com intuito de fraudar o certame, visando ser beneficiado, uma vez que o assessor também estaria operando no esquema de fornecimento de medicamentos para a prefeitura.

PERFIL DO OPERADOR

Filho de Ivone Lopes Lima e Manoel Pereira Lima, Ronalldo Lopes Lima, nasceu em São Luís, no dia 14 de março de 1980. Antes de ser nomeado na prefeitura ludovicense, trabalhou como gerente da loja Limol, de propriedade da família e em seguida foi nomeado na Câmara Federal como secretário parlamentar do então deputado Edivaldo Junior, atual prefeito.

O assessor técnico é cunhado do empresário Igor Bandeira de Freitas Costa, outro primo do prefeito de Edivaldo Júnior. Igor Bandeira é proprietário da Invictta Comercio e Serviços Eireli – EPP, empresa que possui mais de doze contratos no valor de R$ 7,4 milhões apenas nos municípios de São Luís e Barreirinhas.

O pai de Ronaldo, o senhor Manoel Lima, era presidente do PTC no Maranhão, partido por onde o prefeito Edivaldo foi eleito para seu primeiro mandato, em 2012.

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