Variação no ranking complica chance de Calderano só pegar chinês na semi olímpica

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Brasileiro, até então, mantinha a sexta posição, que garantia possibilidade de ser o quarto cabeça de chave em Tóquio. Agora em sétimo, carioca tem desafio extra no primeiro semestre.

A primeira atualização do ranking da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF) em 2020 trouxe um desafio adicional para Hugo Calderano na reta final da preparação olímpica. Principal nome do país na história da modalidade, o carioca viu seu nome cair uma posição na listagem. Até então na sexta posição, o brasileiro agora ocupa a sétima, com 12.315 pontos.

A variação, embora mínima, tem consequências estratégicas. Isso porque as quatro primeiras colocações da listagem são ocupadas por atletas da China, país historicamente dominante no esporte. O líder é Fan Zhendong, com 16.915 pontos, seguido por Xu Xin, com 16.475. O terceiro colocado é o atual campeão olímpico e tricampeão mundial, Ma Long, seguido por Lin Gaoyuan.

“É verdade que esse parâmetro pode ser importante. Então, consideramos a opção de competir para o Hugo tentar ficar entre os quatro melhores do ranking, mas não existe ‘medalha de cabeça de chave’. Por isso, vamos considerar essa parte, sim, mas focar nessa parte, não. A meta é chegar a Tóquio com o melhor nível dele e propor o melhor jogo dele”

Jean-René Mounie, técnico de Hugo Calderano

O “problema” de Hugo, na verdade, está nas duas posições seguintes, ocupadas por dois integrantes da novíssima geração do tênis de mesa mundial. Em quinto lugar aparece o japonês Tomokazu Harimoto, de apenas 16 anos, com 12.615 pontos, seguido agora pelo taiwanês Lin Yun-Ju, de 18, com 12.585.

A chave individual olímpica conta com um máximo de dois atletas por país. Assim, dos quatro chineses, apenas dois estarão na disputa de simples em Tóquio. Com isso, o quinto e o sexto colocado no ranking ganham a chance de figurar entre os quatro principais cabeças de chave do torneio, o que implica só se cruzarem numa hipotética semifinal, já na disputa por medalhas.

“É verdade que esse parâmetro pode ser importante. Então, consideramos, sim, a opção de competir para o Hugo tentar ficar entre os quatro melhores desse ranking, mas o mais importante é lembrar que não existe ‘medalha de cabeça de chave’ nos Jogos Olímpicos. Então, a meta é bem clara. É chegar lá com o melhor nível dele e propor o melhor jogo dele. Por isso, vamos considerar essa parte, sim, mas não vamos focar nessa parte. O foco é na preparação para o Hugo jogar o melhor possível em final de julho e início de agosto, em Tóquio”.

Esse cenário transforma a disputa dos principais torneios do primeiro semestre do calendário de 2020 numa busca pelas melhores condições de chaveamento em Tóquio. Nessa lista aparece, já em janeiro, o Aberto da Alemanha, que será disputado em Magdeburgo, entre 28 de janeiro e 2 de fevereiro. É um torneio da categoria Platinum, o equivalente ao Grand Slam do tênis de mesa, com alta pontuação. Outros do mesmo quilate estão previstos para Doha, no Catar, entre 3 e 8 de março, para Kitakyushu, no Japão, em abril, e para Shenzhen, na China, em maio.

O ranking que definirá o emparceiramento das chaves olímpicas será fechado com os resultados de junho, mês em que há a previsão de um último torneio Platinum, em Geelong, na Austrália. A previsão de Jean-René é que Hugo esteja em todas as etapas Platinum e, a depender do nível de jogo que apresentar e do desgate físico, que possa atuar, ainda, nos abertos previstos para Budapeste, na Hungria, em fevereiro, e para Busan, na Coreia do Sul, em junho. A disputa do tênis de mesa nos Jogos de Tóquio será de 25 de julho a 7 de agosto.

Ranking de janeiro de 2020: sétimo colocado. Como nos Jogos Olímpicos há limite de dois atletas por país na chave de simples, desafio é ficar entre os seis melhores

“Acho importante enfatizar também que, levando em conta a maioridade natural de um mesatenista, o Hugo teria mais chances potenciais de brigar pelo ouro olímpico em Paris (2024) do que em Tóquio (2020), mas como ele está evoluindo rápido, tem muita vontade e qualidade, ele está dentro de um processo para tentar ganhar tempo”, avaliou Jean-René Mounie, sobre o atleta de 23 anos.

A favor de Calderano está a consistência das performances. Em 2018 e 2019 o atleta brasileiro se manteve de forma constante no Top 10 do mundo, com vitórias expressivas sobre os melhores atletas do planeta e poucas derrotas para adversários que não integrem o topo da pirâmide da modalidade. Segundo as estatísticas da ITTF, o brasileiro colecionou 32 vitórias e perdeu 13 vezes em torneios de simples da entidade em 2019.

Cinco entre os Top 100

Independentemente da disputa pessoal de Hugo pela melhor posição possível no ranking, a atualização de janeiro da lista da ITTF mantém o Brasil com seis atletas entre os cem primeiros, cinco no masculino e Bruna Takahashi, 49ª no feminino. Uma das boas novidades vem no Sub-15 feminino: Giulia Takahashi, irmã de Bruna e campeã brasileira e sul-americana escolar no fim de 2019, agora é a terceira do mundo em sua categoria.

Giulia já vem se destacando há tempos no cenário internacional. Na nova lista, aparece com 6.158 pontos, atrás apenas da egípcia Hana Goda (9.011) e da japonesa Miwa Harimoto (7.873), irmã de Tomokazu Harimoto, número 5 do ranking mundial masculino adulto.

Com poucos torneios disputados por brasileiros em dezembro, a maioria caiu algumas posições. Gustavo Tsuboi foi uma das poucas exceções, pulando para o 40° lugar. Entre outras novidades apresentadas pela ITTF na atualização de janeiro, o ranking de duplas masculinas aponta a parceria Eric Jouti e Gustavo Tsuboi no Top 20, em 19° lugar, com 660 pontos. Ambos estão entre os 50 melhores jogadores de duplas do mundo. Tsuboi e Bruna Takahashi ocupam a 50ª colocação no ranking de duplas mistas. No ranking de equipes, o Brasil permanece em sétimo lugar no masculino e 26° entre as mulheres.

Digital do Bolsa Atleta

Os seis brasileiros integrantes do Top 100 mundial e 100% dos integrantes da seleção principal adulta são integrantes do programa Bolsa Atleta, da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania. Calderano recebe a categoria Pódio, a principal do programa. Gustavo Tsuboi, Vitor Ishiy, Eric Jouti e Thiago  Monteiro estão inscritos na categoria olímpica.

No feminino, Bruna Takahashi e Caroline Kumahara, que defenderam o Brasil nos Jogos Rio 2016, recebem a categoria olímpica, enquanto Jéssica Yamada está inscrita na categoria Internacional. Com apenas 14 anos, Giulia Takahashi entrou no programa na lista de 6.248 atletas publicada em dezembro de 2020, já na categoria Internacional. Bruna Alexandre, medalhista de bronze nos Jogos Paralímpicos Rio 2016 na chave individual e por equipes, e que também disputa competições como atleta olímpica, recebe a Bolsa Pódio.

Ao todo, a lista publicada em dezembro de 2020 contemplou 256 atletas da modalidade, num investimento federal anual de R$ 3,3 milhões. São 142 atletas olímpicos e outros 114 paralímpicos. Levando em conta também a Bolsa Pódio, há outros dez atletas contemplados (nove paralímpicos), num valor total anual de R$ 1,22 milhão. No total, o aporte da Secretaria Especial do Esporte no tênis de mesa supera os R$ 4,5 milhões em 12 meses.

Confira abaixo a lista dos principais brasileiros nos rankings individuais adultos:

FEMININO

49ª Bruna Takahashi – Melhor posição na carreira (49ª no ranking anterior)
143ª Lin Gui (142ª no ranking anterior)
149ª Jéssica Yamada (148ª no ranking anterior)
155ª Caroline Kumahara (155ª no ranking anterior)
302ª Bruna Alexandre (303ª no ranking anterior)
792ª Lívia Lima (799ª no ranking anterior)
851ª Laura Watanabe e Giulia Takahashi (856ª no ranking anterior)

MASCULINO

7º Hugo Calderano (6º no ranking anterior)
40º Gustavo Tsuboi (41º no ranking anterior)
60º Vitor Ishiy (59º no ranking anterior)
69º Thiago Monteiro (68º no ranking anterior)
85º Eric Jouti (84º no ranking anterior)
544° Cazuo Matsumoto (548° no ranking anterior)
886º Humberto Manhani (897º no ranking anterior)

Gustavo Cunha – rededoesporte.gov.br, com informações da CBTM

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