A seleção do tetra em 94, um time que envelheceu bem

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seleção de 94 ganhou, mas…” Quantas e quantas vezes não vimos o comentário acompanhado da conjunção adversativa? “Mas era retranqueira, mas era burocrática, mas o Romário carregava o time nas costas, mas o Zinho girava feito enceradeira…” Nada como o remédio do tempo. Durante este período de quarentena, compulsória e necessária, os jogos da campanha do tetracampeonato foram reprisados à exaustão pelos canais esportivos. Como costuma ocorrer, o distanciamento histórico (e, neste caso, a leveza de quem já sabe como o filme termina) nos fez olhar para aquele time sem o ranço do passado. Bateu até saudade, vejam só. O time montado por Carlos Alberto Parreira pode não ter sido um esquadrão genial como o de 1970, nem espetacular como o de 1982, mas foi a mais “moderna” e “europeia” seleção que já tivemos.

Os 24 anos de fila desde o tri no México eram um fardo pesado. “Esse jejum criou um ambiente quase irrespirável”, recorda o ex-volante Mauro Silva, um dos alvos principais das cornetas. “Até hoje muita gente confunde time organizado com time defensivo. Mas o importante é que isso não nos atrapalhou”, diz hoje Parreira, que também reviu as partidas em sua casa, em Angra dos Reis, e se surpreendeu. “Que coisa linda foi nossa semifinal contra a Suécia, eu não lembrava que tínhamos dominado tanto o adversário.” Parreira era impopular, mas tinha fortes concorrentes em campo. Um deles era justamente seu homem de confiança: Dunga. O volante era uma espécie de símbolo do jogo que a torcida dizia não suportar. A conotação negativa da “Era Dunga”, no entanto, chegou ao fim em solo americano. O capitão foi um dos pilares da equipe. Fundamental não apenas nos desarmes, mas também na organização do meio-campo. Tanto que Dunga é até hoje o segundo jogador com mais passes certos em uma edição do Mundial — 589, dez a menos que o recordista, o espanhol Xavi Hernández, em 2010.

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