Aldir Blanc: veja trechos de obras do compositor e escritor

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Artista morreu nesta segunda-feira aos 73 anos, no Rio de Janeiro, com quadro de saúde grave após contrair Covid-19.

O cantor e compositor Aldir Blanc em evento no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio de Janeiro, em novembro de 2004 — Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo/Arquivo

O compositor e escritor Aldir Blanc morreu na madrugada desta segunda-feira (4) ao 73 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava com Covid-19 e seu quadro de saúde era considerado grave.

Aldir Blanc é um dos principais nomes da Música Popular Brasileira (MPB) com 607 obras em seu nome. Suas músicas foram cantadas por vozes como as de Elis Regina e Fafá de Belém, e ele fez parcerias com nomes como João Bosco.

Além de músicas, Aldir também assina os livros de crônicas “Rua dos Artistas e arredores” (1978) e “Porta de tinturaria” (1981). No aniversário de 70 do escritor, foram lançados os livros “Vila Isabel, inventário da infância”, obra que reúne todos os textos de Aldir sobre a Vila Isabel de sua meninice, além dos inéditos “O gabinete do doutor Blanc: sobre jazz, literatura e outros improvisos” e “Direto do balcão”, com crônicas que o autor publicou em jornais e revistas ao longo das últimas duas décadas.

Veja trechos de obras de Aldir Blanc

  • “O bêbado e a equilibrista”, composta com João Bosco em 1979

“Chora a nossa pátria, mãe gentil
Choram Marias e Clarices no solo do Brasil
Mas sei, que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente, a esperança”

  • “Bala com bala”, composta com João Bosco em 1973

“Quando a luz acende é uma tristeza,
Trapo, presa
Minha coragem muda em cansaço

Toda fita em série que se preza,
Dizem, reza
Acaba sempre no melhor pedaço”

  • “Resposta ao tempo”, composta com Cristovao Bastos

“Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver”

  • “Rancho da goiabada”, composta com João Bosco em 1983

“É goiabada-cascão com muito queijo
Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada Leonor ou Dagmar

Amar
O rádio-de-pilha, o fogão-jacaré, a marmita, o domingo
no bar
Onde tantos iguais se reúnem contando mentiras
Pra poder suportar”

  • “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, composta com João Bosco

“Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor
Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume gardênia
E não me pergunte mais
A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rondaram
As minhas noites vazias”

  • “Amigo é pra essas coisas”, composta com Silvio da Silva Junior

“Salve
Como é que vai
Amigo, há quanto tempo
Um ano ou mais
Posso sentar um pouco
Faça o favor
A vida é um dilema
Nem sempre vale a pena”

  • “O Mestre-Sala Dos Mares”, composta com João Bosco em 1975

“Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo”

  • Agnus sei, composta com João Bosco em 1981

“Para trás ficou a marca da cruz
Na fumaça negra vinda na brisa da manhã
Ah, como é difícil tornar-se herói
Só quem tentou sabe como dói
Vencer Satã só com orações”

  • “Cabaré”, composta com João Bosco

“Ah, quem sabe de si nesses bares escuros
Quem sabe dos outros, das grades, dos muros
No drama sufocado em cada rosto
A lama de não ser o que se quis”

  • “Cabô, meu pai”, composta com Luiz Carlos Da Vila e Moacyr Luz

“A jura é pra quem rezar
A reza é pra quem jurar
A alma pra sempre é do criador
Maré muda com o luar
Futuro é pra quem lembrar
Se é isso que o pai ensinou
Cabô”

Fonte: G1.

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