Michel Temer é preso pela força-tarefa da Lava-Jato

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A Polícia Federal cumpriu mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente Michel Temer na manhã desta quinta-feira (21/3). A prisão ocorreu na casa de Temer, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, após autorização do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio.

Os policiais cumpriram também, no Rio de Janeiro, mandado contra Moreira Franco, ex-governador do Rio e ex-ministro de Minas e Energia de Temer. Há mandados de prisão preventiva ou temporária contra outras sete pessoas: o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer; Maria Rita Fratezi; Carlos Alberto Costa; Carlos Alberto Costa Filho; Vanderlei de Natale; Carlos Alberto Montenegro Gallo; Rodrigo Castro Alves Neves e Carlos Jorge Zimmermann.

Temer foi abordado pela PF quando deixava sua casa de carro(foto: Mauricio/Foto Arena/Estadão Conteúdo)
Temer foi abordado pela PF quando deixava sua casa de carro(foto: Mauricio/Foto Arena/Estadão Conteúdo)
As prisões são desdobramento da Operação Radioatividade, a 16ª fase da Lava-Jato, que investigou corrupção na usina de Angra 3. A Lava-Jato deve explicitar em coletiva de imprensa o motivo das prisões, mas informações preliminares são de que elas se baseiam em delações de José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, que admitiu desvios de recursos na construção da usina e envolveu o ex-presidente, Moreira Franco e o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer e um dos alvos dos mandados desta quinta-feira.

O pagamento ilegal, de acordo com as investigações, ocorreu para que a Engevix tivesse sucesso em conseguir o contrato para a realizar do projeto. As obras da usina começaram há mais de 30 anos, foram interrompidas e retomadas durante o governo Lula. A previsão inicial era que fossem gastos R$ 10 bilhões com o projeto. No entanto, agora, depois de vários atrasos, a obra deve custar R$ 26 bilhões.

Segundo a Agência Estado, também embasam as prisões a delação do doleiro Lúcio Funaro. No ano passado, Funaro entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) informações complementares do seu acordo de colaboração premiada. Entre os documentos apresentados estão planilhas que, segundo o delator, revelam o caminho de parte dos R$ 10 milhões repassados pela Odebrecht ao MDB na campanha de 2014.

Após ser detido em casa, Temer foi levado à Polícia Federal no Aeroporto de Gaurulhos, onde passaria por exame de corpo de delito antes de embarcar em um voo para o Rio de Janeiro. Temer é o segundo ex-presidente do Brasil a ser preso. O primeiro foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que hoje cumpre pena em Curitiba.

Suspeitas recaem sobre Temer desde a época em que era presidente. Ele foi alvo de duas denúncias, que não foram levadas adiante, apesar de tentativas de deputados da oposição de autorizar as investigações.

Hoje, o ex-presidente responde a 10 inquéritos na Justiça. Cinco deles tramitavam no Supremo Tribunal Federal (STF), abertos quando ele era presidente da República, devido ao foro privilegiado. Esses cinco processos foram encaminhados à primeira instância depois que ele deixou o cargo.

Conversa com Joesley

Um dos escândalos que envolveram o presidente Temer e que o colocou sob risco de impeachment tinha relação com a gravação de uma conversa que ele teve com o executivo da JBS Joesley Batista.

Na conversa, Temer disse uma frase que se tornou notória: “Tem que manter isso, viu?”. A frase foi dita quando os dois comentavam a proximidade de Batista com o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o pagamento de benesses do empresário ao principal responsável pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Notas do MDB e de policiais

O partido de Michel Temer e Moreira Franco emitiu nota criticando a atuação da Justiça na prisão dos dois políticos. Diz o texto: “O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa”.

A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) também se manifestou nas redes sociais acerca da prisão do ex-presidente Michel Temer. “Não existem privilegiados para os policiais federais. Nosso papel é fazer com que a lei seja aplicada de forma igualitária para todos. Essa é mais uma demonstração do profissionalismo e apartidarismo presente nos trabalhos conduzidos pela Polícia Federal.”

Por Correio Braziliense

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