O Brasil que queremos é realmente para os brasileiros

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O fato mais marcante da semana que passou foi, sem dúvida, a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo quem o dólar alto é bom, porque quando estava baixo até as domésticas iam para Disney. Uma fala assim, vinda do primeiro escalão do governo, de um ministro que já chamou funcionários públicos de “parasitas”, é para acender todas as luzes de alerta de que o país está indo por um caminho muito errado.

A fala é repleta de preconceito de classe. Reprovável em todos os sentidos. Mas é principalmente reveladora sobre como o governo do presidente Bolsonaro pensa o Brasil e, sobretudo, para quem ele governa.

Ao externar que é preciso por um freio no que chamou de “festa danada” da classe pobre, o ministro Paulo Guedes deu voz a todo o preconceito de quem não aceita pobres andando de avião, tirando férias, aproveitando as vantagens do capitalismo. Sinalizou também, sem nenhum disfarce, que sua política econômica está completamente voltada para os grandes especuladores, que lucram muito com o dólar alto, e não para o povo brasileiro, que a cada alta sofre com o aumento de combustíveis, de derivados de trigo e passagens aéreas. 

Que ninguém se engane, não era só das domésticas que o ministro falava. Mas também da classe média, que economiza o ano todo para as férias dos sonhos na Disney e que está sendo fortemente prejudicada com o dólar nas alturas.

Que ninguém se engane também sobre todas as propostas liberalizantes que estão sendo encaminhadas ao Congresso. Reformas trabalhista, previdenciária e administrativa são para melhorar a vida dos grandes investidores. Não são para gerar emprego. 

O Brasil está sendo governado para os ricos, com grandes perdas para os pobres. Basta ver os números. Enquanto o lucro dos quatro maiores bancos cresceu 15% e somou quase 60 bilhões, o número de trabalhadores que estão na informalidade atingiu um recorde histórico e mais de 4,62 milhões de brasileiros desistiram de procurar emprego, porque não conseguem vaga. Onde estão os empregos formais que seriam gerados pela flexibilização das leis trabalhistas?

O PDT foi bastante compreensivo com o governo federal durante o ano de 2019. Demos o benefício da dúvida e, embora fazendo oposição, votamos o que foi necessário para garantir as condições de governabilidade. Mas há limites para o que é aceitável. Uma política econômica que não garanta o acesso de todos aos benefícios do capitalismo não é aceitável. 

Todos têm o direito de ir onde quiserem, se puderem pagar. Não há dinheiro melhor que outro. E nossa luta é para que todos, sem exceções de classe, possam ter uma vida melhor, com emprego, renda e respeito à dignidade. Este é o Brasil que defendo e pelo qual lutarei em todas as votações no Senado.

Weverton, senador e líder do PDT no Senado

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