SP-Arte começa dia 24, em ambiente virtual

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Seguindo o exemplo de grandes feiras de arte internacionais, como a Art Basel e Frieze, a SP-Arte realiza, a partir de segunda-feira, dia 24, sua primeira edição virtual em 16 anos de existência – criada pela empresária Fernanda Feitosa, ela continua sob sua direção, abrigando agora em ambiente virtual 136 galerias, número ligeiramente menor que o registrado na edição física do ano passado (164 expositores). A feira poderá ser visitada no site www.sp-arte.com. Por causa da pandemia do covid-19, a feira, que deveria ter sido aberta em abril, foi cancelada, provocando uma discussão entre associações que representam as galerias e a direção da SP-Arte pela devolução do dinheiro pago pelo aluguel dos espaços no pavilhão da Bienal. Segundo Fernanda Feitosa, um acordo foi firmado com algumas galerias e o valor será revertido para a feira de 2021.

Se há menos galerias na edição virtual, que vai até o dia 30, a perda de alguns participantes foi compensada pela entrada de novos parceiros – aliás novíssimos, caso da HOA, galeria de arte paulistana fundada este ano pela artista Igi Lola Ayedun, dedicada à arte contemporânea latino-americana, que já usa a internet como ponto operacional. Igualmente criada por artistas e tendo como curadores brasileiros e africanos, a 01.01 Platform promove artistas emergentes com o apoio de instituições do Reino Unido, Portugal e Gana. Tentando uma nova abordagem do mercado, ela propõe uma forma alternativa de colecionismo, que leve em conta a cultura produzida nos países da antiga rota comercial da escravidão.

Nessa sua incursão pelo que foi denominado SP-Arte Viewing Room, a 01.01 Platform vai, por exemplo, colocar um jovem artista, o paulistano Moisés Patrício, de 36 anos, ao lado do veterano norte-americano Melvin Edwards, de 83 anos. Patrício, que combina fotografia, vídeo e performance em suas instalações, usa elementos da cultura afro em suas obras, assim como Edwards. Estreiam ainda na SP-Arte o coletivo de artistas Levante Nacional Trovoa e o recém-criado escritório de arte Projeto Vênus, do curador Ricardo Sardenberg.

“O momento, claro, é marcado por mudanças profundas no mercado, não só por causa da pandemia, e a SP-Arte quer participar ativamente do processo dessas mudanças, incentivando uma nova forma de ver a arte”, diz Fernanda Feitosa, justificando a presença na programação da feira de aulas para democratizar o acesso à arte ao público fora desse circuito – uma delas vai ser uma ‘master class’ sobre como formar uma coleção sem traços colonialistas.

Isso significa uma mudança de rota radical, longe da arte dos grandes mestres antigos, modernos e contemporâneos? Não exatamente. As galerias participantes são as mesmas e seus perfis continuam os mesmos. A diferença, segundo Fernanda Feitosa, é que a SP-Arte assume o papel de uma plataforma de fomento cultural num momento em que a cultura do país passa por uma grave crise de apoio institucional e governamental. Haverá debates online, palestras de artistas e obras na feira que fazem referência à situação dos negros e das mulheres no País, à violência e aos desastres ecológicos (em fotos de Araquém Alcântara e João Farkas, para ficar só em dois nomes).

Ao contrário do procedimento adotado em outras feiras internacionais, que tentam simular o modelo físico da exposição, a SP-Arte optou criar, por meio do Viewing Room, uma plataforma imersiva que contemple os mais variados tipos de visitantes – e não só colecionadores tradicionais. Assim, na página de cada galeria, o visitante poderá ver até 30 obras de um ou mais artistas, tanto emergentes como consagrados, algumas acompanhadas de descrições e contando com outros recursos (zoom , vídeos etc.). A tendência é que as obras com preços inferiores a R$ 50 mil tenham maior procura (no ano passado, apenas 3% das peças vendidas ultrapassaram R$ 1 milhão). “Não que nomes consagrados como Antonio Dias ou Mira Schendel tenham menor chances na versão online”, adverte Fernanda. Como a edição virtual chega a colecionadores internacionais, num momento de dólar alto, a venda de mestres modernos e contemporâneos não deve ser afetada”, acredita Fernanda Feitosa.

Fonte: Estadão.

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