“Nunca disse que sou candidato a governador”, declarou ontem, em entrevista ao programa Ponto e Vírgula, da rádio Difusora FM, o senador Weverton Rocha, chefe inconteste do PDT no Maranhão e o mais candidato dos candidatos à sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB) nas eleições de 2022. Numa das suas respostas ao longo da conversa franca que manteve com a equipe comandada pelo blogueiro e titular do espaço Leandro Miranda, o senador Weverton Rocha disse que ainda é cedo para tratar do tema, concordando com o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), seu maior adversário, no sentido de que a antecipação da corrida ao Palácio dos Leões pode ser muito prejudicial ao Governo do Estado e à aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). Mas, se não se declarou candidato explicitamente, o senador emitiu todos os sinais de que seu projeto de candidatura está em franco e visível andamento. Ele se declarou um político de grupo e descartou crise na aliança comandada pelo governador. Mas deixou um recado enfático: “Se houver rompimento, vamos discutir se será amigável ou litigioso. Prefiro que isso não aconteça”.
Aos 40 anos, senhor incontestável do braço maranhense do PDT e, de longe, o mais atuante dos políticos maranhenses depois do governador Flávio Dino, o senador pedetista exibiu na conversa, com ênfase, o poder de fogo da sua agremiação com a eleição de 45 prefeitos e mais de 300 vereadores. E anunciou que vai intensificar ainda mais a sua cruzada municipalista, “trabalhando incansavelmente” na obtenção de recursos federais para os municípios, numa sinalização expressa de que está preparando base para a disputa leonina de 2022. “Sou um político de 40 anos, e como todos os políticos, eu sonho um dia governar o meu estado. Isso é normal, é um direito”, declarou, numa demonstração clara e enfática de que está, de fato, preparando terreno para construir a sua candidatura.
Nas cautelosas e hábeis declarações ao Ponto & Vírgula sobre o cenário político criado pelas eleições municipais e a corrida sucessória estadual, Weverton Rocha disse que no âmbito geral o campo liderado pelo governador Flávio Dino foi o grande vitorioso, com mais de 80% dos prefeitos eleitos. E avaliou que o desfecho da eleição em São Luís foi um caso à parte, porque “teve uma condução ruim”. E completou habilmente dizendo que foram criadas “situações complicadas”, mas fazendo questão de não apontar culpados, provavelmente ciente de que muitos o apontam como um deles.
O senador Weverton Rocha entende que não se pode avaliar a situação política do grupo no estado a partir do que aconteceu na Capital, onde seu partido tinha a Prefeitura por mais de 20 anos nas últimas três décadas, tinha um prefeito bem-sucedido e bem avaliado, mas abriu mão de lançar um candidato para atuar como coadjuvante, quando poderia ter sido um protagonista de proa e viável. Acha que o cenário é diferente e que quando chegar a hora apropriada, o governador Flávio Dino e os líderes dos partidos que integram a aliança governista sentarão para debater e tomar a decisão mais acertada. Para ele, a escolha deverá se dar entre os melhores posicionados em pesquisas. Pode ser o vice-governador Carlos Brandão, o prefeito Edivaldo Holanda Jr., ele próprio “ou qualquer outro nome”. E completou: “Sou do grupo e não serei intransigente”.
O fato, porém, é que toda sua ação política está voltada para o projeto de ser candidato a governador: maratona para eleger prefeitos do PDT e aliados, operação intensa para conseguir recursos para Prefeituras em Brasília, atuação forte nos bastidores e a céu aberto para reeleger o atual presidente da Famem, o prefeito reeleito de Igarapé Grande, Erlânio Xavier (PDT) – visto por todos como o seu operador político no âmbito dos municípios -, e planos, por ele próprio revelados na entrevista ao programa Ponto & Vírgula.
Qualquer avaliação isenta do desempenho político do senador Weverton Rocha concluirá que, do alto dos mais de dois milhões de votos que lhe deram o mandato senatorial – muito bem exercido até aqui, diga-se -, ele alcançou, indiscutivelmente, o cacife político necessário para se movimentar com desenvoltura e trabalhar para ser candidato a governador em 2022. Como cabeça de uma chapa do grupo governista ou como líder de um projeto-solo bancado por ele próprio.
Por Ribamar Corrêa